quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Insegurança

Nesses últimos dias eu e minha família (Voinha e Tia) estávamos de mudança. Já era desejo do meu coração sai do bairro onde moramos por três anos, Cruz das Armas, pois além dos fantasmas que assombravam minhas memórias, depois do assalto que sofri, dentro de minha própria residência, não fui mais o mesmo. Além de que, com o encerramento das minhas atividades no Novo Altar, já não fazia sentido ficar tão perto de quem não me queria por perto. Ficar em Cruz das Armas só me trazia lembranças de dor, por isso era um desejo intenso de minh'alma sair daquele bairro.

Agradeço a Deus por tudo que vivi ali e sei que ele nos levou para lá com um propósito, com um motivo. Mas, os sonhos se perderam no caminho. E acredito que nosso tempo naquele lugar já tinha seus dias contados nos planos do Mestre. Acredito que uma vez entregue nossas vidas na direção de Deus, Ele é fiel e justo para nos colocar no direcionamento certo para o nosso bem. Cada lugar que fomos, cada passo que a gente deu, havia a mão de Deus a nos guiar e nos ensinar. 

Desde o assalto na minha casa, sempre fui o que mais se mostrou preocupado em sair de Cruz das Armas, pois além de ser um bairro perigoso, nossa casa era visada por muitos motivos. Porém minha tia e minha avó não tinham condições de sair de lá no momento que eu mais precisa psicologicamente. Planejei até sair para morar sozinho ou dividir algo com amigos, mas não era o plano de Deus e não rolou. até que, meio sem querer, voinha, depois de 5 meses de aflição minha em querer sair daquele lugar, conversando com uma amiga dela, encontrou uns apartamentos à venda nos Bancários, bairro de classe média aqui em João Pessoa.

Não coloquei muita fé que compraríamos um ap e muito menos nos bancários. Meus planos eram sair de casa, já que me sinto muito grandinho para ficar na barra da saia de voinha, mas nada é como a gente quer. Como falei: uma vez que colocamos nossas vidas nas mãos de Deus, ele é quem toma as rédias da situação.' E depois de muitas conversas, brigas e acordos, compramos o apartamento e nos mudamos, pois eu precisava de uma certa segurança (principalmente psicológica).

O que eu havia esquecido é que quem vai fazer o mal não te pede explicação. O bandido, marginal safado, não quer saber se você é um pobre lascado que tá se esforçando um bocado para ter um pouco de sossego e paz. O que ele quer é o dinheiro fácil e não importa como vai tê-lo. Ele num quer saber das tuas condições. Para ele o simples fato de você morar em um lugar melhor que o dele já dá o direito dele te usurpar. E foi esse sentimento que tive ontem ao saber que minha tia e minha avó iam sendo assaltadas logo cedo pela manhã (5:30h). 

Estavam elas caminhando para a avenida principal, que fica a quatro quarteirões do prédio, quando começou a se aproximar um homem em uma bicicleta vermelha. A sorte delas (sorte não, pois eu confio na guarda divina) é que parou um carro e pediu informação ao assaltante. Quando elas perceberam que ele estava com outras intenções para o lado delas, elas andaram mais ligeiro e conseguiram passar por ele enquanto ele estava dando algum tipo de explicação no carro, e chegaram na avenida que já estava movimentada. Ao chegarem na parada, veio uma moça dizendo que tinha acabado de ser assaltada pelo carinha de bicicleta! Segundo minha tia era uma cabinha de barbicha, com uma bicicleta vermelha velha. A menina que foi assaltada falou que ele já é conhecido no bairro e que sempre assalta o pessoal logo cedo na rua do Século. Ela mesma foi assaltada pela segunda vez pelo mesmo caba! 

Eu já sabia que o bairro tinha assaltos frenquentemente e que seria diferente de Cruz das Armas, mas quando você passa pela situação bate um sentimento de impotência e insegurança terrível. Minha motivação ao sair de nossa casa foi a insegurança que sofria lá, e está vivendo aqui outro tipo de insegurança é constrangedor. Fico aqui pensando, mas sei que Deus tá no controle e está nos guardando. Sei que tem a mão dEle aqui e se foi Ele que permitiu, Ele nos protegerá.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Viver nas Entrelinhas

Em um dos meus momentos mais sombrios ano passado, escrevi esse texto em uma página da minha agenda de 2012.  Lembro que estava decidido a realmente me aceitar do jeito que sou, mas havia outros fatores que envolviam não só a minha vida, mas de outros que amava muito. Lembro que mesmo já estando distante do Novo Altar e do ministério de louvor da igreja, ficava imaginando como seria o futuro deles com essa minha atitude. Pensei também como deixar uma menina horrível/incrível (rsrsrs), que me ajudou e esteve do meu lado em momentos decisivos da minha vida. Pensei na minha família, no meu pai, na minha mãe e na minha avó. Garanto a você que não foi fácil esses momentos e esse texto reflete um pouco do que se passava na minha mente naquela época.

"17 de janeiro de 2012
João Pessoa - PB

Viver nas Entrelinhas.

A vida ficcional parece ser tão simples, tão prática e tão feliz. Dizem que a arte é um retrato do que a vida poderia ser. Porém, se eu me permitir poderei viver a arte. Não são só contos de fadas, histórias e mundos distantes da nossa realidade. Há algo significativo  em cada cena, em cada close, em cada gesto de coadjuvante.
'Eu posso e sou o ator principal da minha vida. Eu mesmo escrevo cada cena, escolho cada palavra, planejo cada olhar e tomo minhas decisões'. O grande problema é que em certos momentos você se encontra com duas vertentes de gêneros em sua frente. É aquele ponto que você precisa saber o que vai fazer com o seu personagem. Levá-lo ao drama, ou à comédia. São dois roteiros totalmente complexos e divergentes onde cada passo dado a um, anula o outro. Porém, um não pode viver sem ser parte do outro.
Complicado? Você não viu nada ainda.
A música está parada. Cada gesto está simplesmente congelado. O frio toma o estômago. A cena do desfecho para o próximo capítulo se prolonga num êxtase irreversível. O que fazer? Coragem não se tem para tomar a decisão. Para as duas situações há perca e o protagonista ainda não está preparado para isso.
'- E se adaptássemos o roteiro?'
'- Há um modo de convergência?'
Talvez sim, mas seria como um copo meio d'água. 
'- Mas, quem disse que não seria assim nos dois lados também?'
Se para cada escolha há perca, então nunca será 100%. Cabe a você decidir o que vai doer menos porque viver nas entrelinhas não é bom nem para o autor, nem para o ator, muito menos para o coadjuvante dessa história."