segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sr. José


Estou pensando seriamente em mudar o modo como as pessoas me conhecem e me chamam. Meu nome é José, porém desde que me lembro as pessoas me chamam por Neto e muitas vezes não me reconheço sendo o José que sou.

Já atendi pelo chamativo zé, zé pó. Já me chamaram de netinho, netoka, tinho, mas José, só gerente de banco e atendimento de telemarketing que me chamam assim.

O nome José aqui no Brasil é sinônimo de pobreza e miséria. É o famoso "Zé ninguém". Ou comparativo de político corrupto, mas eu acho o nome muito bonito. Me trás a ideia de imponência, respeito e até santidade, pois é um nome bíblico. Pra quem não sabe, esse é o nome do pai de Jesus, São José, e também o nome de mais 35 santos. Sem contar que foi um nome muito comum entre os judeus na Idade Média e no início foi pouco frequente entre os cristãos. Só passou a ser popularizado na Espanha e Itália no final da Idade Média, em razão da veneração por São José. Depois na Inglaterra passou e ser comum após a Reforma Protestante e em Portugal apareceu em documentos datados da primeira metade do século XVI, como Joseph.

Andei pesquisando e descobri que José significa "aquele que acrescenta" e isso tem muito haver comigo. Acho que nunca entrei na vida de alguém sem acrescentar algo positivo pra ela. Seja amigo, família ou romance, em algum momento eu fui aquele que ajudou o outro a ser e ter algo significativo em sua vida.

Não sei, estive pensando aqui e diante de tantos outros, por que não ser um José?

Me sinto as vezes sem identidade quando me perguntam o nome e respondo "meu nome é Neto". É como se eu tivesse medo ou vergonha de dizer que meu nome é José.

Talvez eu deixe quieto ou talvez eu comece a cobrar que as pessoas me chamem pelo nome de batismo, mas uma coisa é certa. Há alguns dias eu já me sinto orgulhoso de ser José. E talvez eu realmente queira ser chamado assim.

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